“Adoro a música. Os andamentos lentos nos concertos de piano de Mozart, as baladas de John Coltrane, o tom da voz humana em certas canções tocam-me.
Espanta-me a capacidade dos homens para criar melodias, harmonias e ritmos.
No entanto, o mundo dos sons também inclui as oposições de melodia, harmonia e ritmo. Conhecemos dissonâncias e ritmos quebrados, fragmentos e concentrações de sons; e existem os ruidos meramente funcionais a que chamamos barulho. A música contemporânea trabalha com estes elementos.
Penso que a arquitectura contemporânea, no fundo, deveria dispor de um ponto de partida igualmente radical como o da Música Nova. Mas a esta exigência são impostos limites. Se a composição de uma obra se basear em desarmonia e fragmentação, em ritmos quebrados, clustering e quebras estruturais, a obra pode de facto transmitir mensagens, mas a compreensão da mensagem apaga a curiosidade e o que resta é a pergunta quanto à utilidade do objecto arquitectónico para a vida prática.
A arquitectura tem o seu espaço de exixtência. Encontra-se numa ligação física especial com a vida. No meu ponto de vista inicialmente não é mesnagem nem sinal, mas invólucro e cenário da vida, um recipiente sensível para o ritmo dos passos no chão, para a concentração do trabalho, para o silêncio do sono.”
Zumthor, Peter; “Pensar a Arquitectura”; GG.
Hoje sinto-me tão inspirada...
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