sábado, 19 de setembro de 2009

Ainda não tinha contado...

Este ano tive a honra de jantar ao lado de um menino de 5 anos, o Gonçalo.
Bem-disposto, não me conhecía de lado nenhum quando chegou com os pais ao restaurante, apresentou-se, de cara bonita e cabelo espetado com gel, perguntou se a sopa naquele restaurante era boa, porque gosta muito de sopa, e sentou-se na cadeira ao meu lado, lugar que fazia questão que ocupasse e que não foi necessário insistir.
O Gonçalo fala pelos cotovelos. Entre uma colher e outra de sopa contava a vida toda dele...e a pensar que um miúdo de 5 anos tem pouco para contar, enganam-se! O Gonçalo ía entrar na escola e ainda não tinha a mochila, disse-me o nome dos amigos que mais gosta e aqueles com quem brinca (mesmo achando um bocadinho chatos), aprendeu a fazer kung-fu com o Panda (lições que me ensinou depois do jantar, porque dá muito jeito saber kung-fu), contou-me que dança muito bem e que o grupo preferido dele são os Linkin Park...entre outras mil coisas: dentes, o gel da cabeça e o seu penteado, as tardes na praia, a irmã (a Mariana, de apenas 1 ano), etc etc etc.
Às tantas, preocupada por a criança ir agora entrar para o primeiro ano e ser tão comunicativa, disse-lhe: "Ai, Gonçalo...eu estou um bocadinho preocupada contigo. Tu falas muito e agora nas aulas do primeiro ano como é que vai ser?!". O engraçado-inteligente-bem educado pôs-me à vontade. Não tenho que me preocupar com o assunto porque a boca dele também tem um fecho, que funciona para situações como essa. Nas aulas o Gonçalo vai utilizar o fecho, que só vai abrir quando for hora do intervalo e puder falar á vontade com os amigos.
Encantador...lembro-me do Gonçalo imensas vezes e espero, como ficou combinado, encontrá-lo ao longo deste ano lectivo, para saber como está a correr o primeiro ano de escola.
Tive, às tantas, que lhe confessar:
- Sabes Gonçalo? Eu gosto mesmo de ti!
Ao que me responde sorridente e com uma expressão amorosa, que sou incapaz de descrever:
- E eu gosto muito de cenoura...
As gargalhadas foram gerais e a mãe comentou "pois...tem tudo a ver, Gonçalo!". Mas ele prosseguiu:
- Mas a minha mãe diz que se eu gosto de cenoura é porque a cenoura também gosta de mim...
Senti-me salva!
- Ah! Então, se tu gostas de cenoura e, por isso, a cenoura também gosta de ti; se eu gosto de ti, tu também gostas de mim... (?!)
Outra vez aquela expressão que sou incapaz de descrever:
- Pois!
Ficámos amigos! Nessa noite não fui dormir a casa do Gonçalo por falta de convite, mas porque não há uma cama a mais e, por isso, primeiro tenho que comprar uma que monto no quarto dos brinquedos...
Combinado!

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