sexta-feira, 14 de novembro de 2008

família feliz

* Crítica ao texto "Família feliz", de Miguel Esteves Cardoso, que pode ler em: http://foruns.clix.pt/geral/printthread.php?Cat=&Board=Literatura&main=555951&type=post


“ Se se quer conservar a família, é preciso mantê-la afastada. (...) A separação cria saudade. A distância facilita o respeito.” Partindo destas premissas Miguel Esteves Cardoso reflecte sobre a distância / proximidade dos elementos de uma família. Para o mesmo a “família ideal” não deve partilhar o mesmo espaço, sendo que a felicidade desta depende de “uma questão puramente arquitectónica”. E se assim fôr, “Mais tarde ou mais cedo, como é regra do amor, as saudades superam os ressentimentos e as campainhas recomeçam a tinir, e os “desculpa lá” recomeçam a ressoar. As pazes fazem-se de livre vontade. Os beijinhos dão-se de bom grado. A família reúne-se, no verdadeiro sentido da palavra. E reina a concórdia.”
Este texto permite a reflexão sobre aquilo que é a família e das suas relações com o espaço físico, fazendo com que se pense sobre os limites físicos do nosso comportamento em sociedade.


Não é que discorde na totalidade com o texto de Miguel Esteves Cardoso, mas leio e releio e este começa a fazer algum sentido ao mesmo temo que, por ser tão drástico (e um bocadinho incoerente), também me afecta. Mas isso também pode ser porque sou ‘romântica’ e optimista e acredito no valor da família...mesmo aquela que coabita no mesmo espaço.

“Cada qual com a sua banda sonora”. Fazer deste o lema da família do futuro pode ser uma mostra de respeito e zelo pelas pessoas na sua individualidade. Uma pessoa pode só ser feliz quando faz aquilo que quer! Mas será realmente necessário associar o bem estar individual à negação de uma convivência diária da familia no mesmo espaço físico? “O segredo é conviver em vez de coabitar”, mas não será mais tentador conseguir conviver no espaço que coabitamos e partilhamos com aqueles que nos deviam ser/são mais queridos? E não será possível conseguir respeitar o “espaço” de cada um, mesmo na mesma casa? O problema não é o espaço físico! Trata-se de conseguir respeitar o espaço moral de cada um...esse que é também formado com a influência da família, porque ‘família’ é um grupo que influencia e é influenciado. A questão que se põe às famílias consanguíneas põe-se também às restantes ‘famílias’, como é, por exemplo, um grupo de amigos.
Há que, em qualquer situação, saber respeitar o espaço de outra pessoa. A nossa liberdade acaba quando a de outro começa! E deste modo,desde que se construa um núcleo assente em principios morais correctos, qualquer família pode ser feliz. A esta receita junta-se o número de dias da semana de colheres de sedução, o mesmo número de gotas de charme, alguma paciência, dedicação e amor e uma dose q.b de não optar pelo facilitismo (“Para uma família ser feliz, é necessário haver sedução. Os filhos têm que ser charmosos para encantar os pais, os pais têm de se esforçar para educarem convincentemente os filhos. E marido e mulher, caso queiram permanecer juntos, têm de passar a vida inteira a engatar-se. O mal da família é a felicidade. É pensar que aquele amor já é um sentimento arrumado.”, “Uma família que é obrigada a convencer-se e seduzir-se, a respeitar-se mutuamente é uma família que pode durar para sempre.”), porque manter uma família unida e conseguir conciliar as diferentes personalidades que a compõem não é fácil nem perfeito, mas é necessário para a construção de um comportamento mais correcto e o crescimento mais saudável de todos os seres humanos.
Se “o mal da família é um problema de má-criação e de falta de respeito” deixa de ser um problema de ‘espaço’. Tendo em conta a opinião referida no parágrafo anterior, crescer fora de um ambiente de família unida só contribuí para essa má-criação e falta de respeito...o egocentrismo e egoísmo. É necessário aprender a respeitar não só as nossas necessidades e gostos, mas também as daqueles que nos rodeiam. Apesar do autor do texto ter razão em algumas coisas que redige, não se pode resumir a solução da construção de uma “família feliz” apenas pelo ‘afastamento’.

A família não é perfeita (existirá uma família perfeita?), mas também não é uma “instituição insuportável”. A minha é maravilhosa! Faz-me desejar dar-lhe continuidade: um casamento, se possível 5 filhos, educá-los e vê-los crescer, com o objectivo de fazer deles bons cidadãos e fazer com que tenham uma vontade prazerosa de continuar ‘a família’, e assim, sim, fazer disso um “círculo vicioso”.

9 comentários:

Rita disse...

leiam tb: http://vozdoseven2.weblog.com.pt/arquivo/2007/08/elogio_ao_amor.html, que fui descobrir através de: http://diasdeumaprincesa.blogspot.com/

Rita disse...

Este foi um trabalho realizado para a disciplina de Sociologia Urbana. No dia em que fiz este 'post', decidi também escrever um mail aos meus pais e irmã. Acordei agora (já tarde, eu sei!) e tinha a seguinte mensagem na 'caixa de entrada':

"Rita, foi das coisas que mais gostei de ler em toda a minha vida.

A toda minha família, eu nunca seria feliz se não vos tivesse.
Não gosto de nenhum em particular gosto de todos e quando assim digo, sei que posso contar com todos vós em todos os momentos, contem comigo tambem. Sei que não sou perfeito e estará para nascer a pessoa perfeita ainda. Deus tem me ajudado a conduzir esta tão querida família.
Que Deus nos ajude a ser sempre assim.
Saibamos perdoar uns aos outros.
Cada dia que passa mais gosto de todos vós.
O Pai e Marido que muito vos quer e ama.
Minhas queridas Rita Inês e Manuela, sim porque sem ti não as teria tido.

Do Pai e Marido amigo

Um grande beijinho"

Anónimo disse...

gostei e concordo com tudo :) beijinho querida

Anónimo disse...

e será que tal tb se aplica aos enamoros?

Rita disse...

A receita é para ser aplicada a qualquer relação... aos 'enamoros' tb! (n acha bem?)
:)
Beijinho, querido Fran

Anónimo disse...

talvez um meio termo... o estarmos apaixonados é coisa doutro mundo, é difícil aplicar a distância e afastamento ao enamoro... contudo, se se tratar de um verdadeiro amor puro dá para sobreviver... não sei, digo eu que sou leigo (ou não)

Rita disse...

n m parece nada leigo (és?)...

Anónimo disse...

nã ;) nada mesmo!

Anónimo disse...

Rita,
Adorei este teu post. Além de estar muito bem escrito, concordo com as ideias que defendes. Se houvesse muita gente a pensar e a lutar como tu pelas ideias e valores em que acredita, o Mundo seria certamente um lugar muito melhor.
E determinada como és, certamente que conseguirás cumprir o teu desejo de continuar o "circulo virtuoso da familia"!